KPIs que importam: como melhorar OTIF, lead time e acuracidade de inventário na vida real
No dia a dia da operação, KPI não pode ser só “número bonito de parede”. Quando OTIF cai, o cliente sente. Quando o lead time alonga, o caixa grita. E quando a acuracidade de inventário escorrega, o picking vira caça ao tesouro. A boa: dá para virar esse jogo com disciplina operacional, dados na mão e um pouco de “malícia” de chão de armazém — sem travar o fluxo.
Marcos Mendes
10/17/20252 min read


OTIF: promessa feita, promessa cumprida
Defina OTIF por cliente e canal: não é one-size-fits-all. SLA de marketplace não é o mesmo do B2B.
Quebre OTIF em “On Time” e “In Full”: atraso e falta têm causas diferentes (roteirização x estoque).
Cadência de causa raiz: use 5 Porquês + Pareto semanal. Reentrega, janela estourada, endereçamento incorreto? Mata o gargalo, não o sintoma.
Janelas realistas e roteirização viva: ajuste dinâmico de rotas, bloqueio de CEP com baixa taxa de sucesso, consolidação por densidade.
Lead time: da doca ao cliente sem “parada de máquina”
Mapeie o “dock-to-stock” e “pick-to-ship”: cada minuto parado é custo e risco de atraso.
Sinalização e filas inteligentes de doca: janela de recebimento, ASN e triagem aceleram a liberação.
Slotting e picking certo: SKU A na mão, SKU C na escada. Combine giro, tamanho e afinidade de pedidos.
Integração WMS/TMS: status de pedido, prioridade de carga e ocorrência em tempo real. Decisão ágil derruba hora-morta.
Buffers de pico com regra clara: turnos extras, cross-docking e picks de onda em datas quentes.
Acuracidade de inventário: fim do “sumiço” de SKU
Política de contagem cíclica (ABC): A diário, B semanal, C mensal. Curto, cadenciado, sem paralisar a operação.
Contagem cega e dupla conferência por exceção: evita viés de confirmação e retrabalho.
Qualidade na entrada: embargo de discrepâncias no recebimento (quantidade, lote, validade) para não “contaminar” o estoque.
Endereçamento e disciplina de movimentação: cada toque é um risco. Reduza toques, registre o restante.
Tolerâncias e auditoria: defina variações aceitáveis e ataque desvios com correção de processo, não caça às bruxas.
Rotina que transforma número em resultado
Ritual de 15 minutos por turno: OTIF D-1, backlog, tarefas críticas por célula.
Painel simples, visível e acionável: 5 KPIs, metas claras, dono do indicador e plano 30-60-90 dias.
Treinamento “no gemba”: microtreinos de 10 minutos em procedimento crítico (picking, conferência, embalagem).
Feedback em tempo real: ocorrência registrada vira melhoria — sem burocracia.
Recado final
A trinca OTIF + lead time + acuracidade não é só métrica; é linguagem de dinheiro, satisfação e ritmo de operação. Comece pequeno, ajuste semanalmente e proteja a cadência. Quando o time enxerga causa, o número sobe — e o cliente percebe.

